Livro publicado em 2000: "Luzes na Madrugada"
Prefácio
O Ser Poeta
A tradição cultural brasileira nunca foi de valorizar o artista, o poeta e muito menos a poetisa. É um ranço residual tão pegajoso que emana odor anacrônico empedermido, deplorável e lamentavelmente prejudicial à nossa cultura. Apesar disso o poeta é um ser cultural, entusiasticamente elogiado por figuras exponenciais do mundo filosófico e cientifico, entre ele, Frederich Nietezsche e Heldene, apesar de lidar com o mundo das células e tecidos formadores da vida, Heldene afirmou que “ A poesia é o mais puro hálito da ciência”. Mas o que tem a ver poesia com a ciência? Num primeiro olhar panorâmico nada, num segundo olhar perscrutante, tudo. Ambas as atividades mergulham fundo na imaginação, sensibilidade intuição e percepção, na atenção concentrada e analítica para captar o âmago das coisas, da precisão semântica e até o âmago do imaginável. A poesia é um estado permanente de inovações, é a indômita coragem de montar no dorso no fogoso corcel de mundo inacessível, trazendo o resplandecente para dentro da estética de sensibilidade.
Ser poeta como afirma Décio Pignatari, E o modo de vida e não um meio de vida. Ser poeta é também por beleza até no lombo, é ser original, preciso nas palavras, nas imagens é conservar sensível a inteligência.
Vá firme e sem medo de ser feliz Glafira. Mãos a obra.
Enáura Machado Batista Nonato
Barra-Ba, 16 de agosto de 2000.
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Imagem da INTERNET.
Sem Medo
Sem medo de amar, me refugiaria em seu corpo.
Percorreria seus caminhos;
E lado a lado buscaria novos horizontes
Construindo caminhos infinitos.
Sem medo de amar
Beberia em sua fonte
E na perenidade dos dias
Seria sua eternidade.
Sem medo de amar
Seria seu altar de celebrações incomuns.
O líquido do seu cálice
A hóstia quando precisasse se alimentar
Por que sem medo de amar é a forma mais formosa de viver a vida.
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Madrugada
Antes do amanhecer
Adentra em meu quarto um vazio
Nesse ócio escrevo uma poesia
Ditada pelos grilos em melodia lá fora.
A lua cheia prateia as lagoas deixadas pela chuva
Que molhou a terra.
E nelas, várias luas se formam.
De repente um grito me assusta.
É o cântico do pássaro
Que se diz agourar.
O silêncio se quebra...
Mas é apenas uma coruja.
Penso...
A noite não é feia,
Nosso coração vazio é que chora.
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A VAGAR
Estava ao cair da noite, recobrando o tempo,
Ele passou e nem vi!
Envelheceu-me nem senti.
Coisas perdidas do tempo,
Fatos esquecidos.
Estava planejando o futuro que nem sei se virá
A noite caiu com ela a realidade;
Agora só resta velar com as estrelas,
Esperar o novo dia.
Por falar em estrelas prefiro dormir
Amanhã é segunda e preciso brilhar.